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Em iniciativa desenhada durante um ano por grupo interministerial que reuniu sete pastas, o governo lançará, hoje, a “estratégia nacional para disseminação do BIM”. Trata-se de referência à sigla em inglês para uma plataforma de gestão que promete reduzir custos e combater a prática de recorrentes aditivos na construção civil.

A medida representa um agrado do presidente Michel Temer ao setor – um dos que mais lhe deram apoio nos dois primeiros anos de gestão – no Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic). O governo finalizava também ampliação do Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

Essa expansão esbarrava nas restrições orçamentárias da União. Mas os técnicos da equipe econômica, junto com a Caixa Econômica Federal e o Ministério das Cidades, trabalhavam ontem em remanejamento de despesas e ainda buscavam alternativas com menor impacto fiscal.

A expectativa é que haja alguma ampliação do programa. O objetivo inicial era ampliar em 150 mil unidades na faixa 1 do MCMV (a previsão atual de contratação é de 650 mil unidades). Outra medida que Temer pretende tomar é a publicação de editais de programa de apoio a concessões e parcerias-público privadas (PPPs) municipais, que já havia sido lançado ano passado. Com o sistema de Modelagem de Informação na Construção (BIM) – um dos itens prioritários da agenda tecnológica da indústria -, a expectativa, baseada em estudos contratados pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), é de aumento em 10% a produtividade do setor. E ainda de redução de custos que poderia chegar a 20%.

Aproximadamente um terço dos materiais usados nas obras – de cimento a vergalhões, passando por instalações elétricas e hidráulicas – corresponde a desperdício que pode ser reduzido, segundo o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge de Lima. “O governo pode fazer o papel de indutor no aprimoramento de práticas do setor”, comentou o ministro.

Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, a criação de uma política nacional para o BIM é essencial, porque o governo, por meio de seu poder de compras públicas, consegue estimular as empresas a migrar para essa plataforma tecnológica.Além disso, diz Martins, facilitará o trabalho dos órgãos controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU), que terão condições melhores para acompanhar as obras.

Na política nacional do BIM, o governo deve inicialmente acionar órgãos, como o Ministério da Defesa e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), para que implantem programas pilotos que exijam o uso da tecnologia por eexecutores das obras contratadas.

Além disso, a ABDI trabalha na construção de uma “biblioteca BIM” – o cadastro de produtos e serviços, com seus preços, que podem ser usados em uma determinada obra. Mais adiante, essa biblioteca poderá ser controlada pelo setor privado. “As bibliotecas digitais servirão para que União, governos estaduais prefeituras possam reduzir despesas e trabalho, além de prestar contas de forma mais transparente à população. É uma tecnologia que deve ser adotada como prioridade”, afirmou o presidente da ABDI, Guto Ferreira.

Só 5% das empresas já usam o BIM. Segundo o estudo da agência, se metade da cadeia de construção (em faturamento) adotar a plataforma até 2028, haverá ganho de 7 pontos porcentuais do PIB setorial.

 

Fonte: Crea-BA